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O ESG, quando não é superficial, transforma realidades


A Suzano, uma das maiores empresas de papel e celulose do mundo, destacou em uma matéria publicada pela Exame em 21 de setembro de 2024, a necessidade de reavaliar como os direitos humanos são vistos dentro do ESG. Para a empresa, é fundamental abandoná-los como riscos e tratá-los como oportunidades. Em parceria com a OIT e o Pacto Global, a Suzano está promovendo ações para valorizar as comunidades onde atua, estabelecendo a ambiciosa meta de retirar 200 mil pessoas da linha da pobreza até 2030. Esse compromisso vai além da responsabilidade social convencional, inserindo-se diretamente no "S" de ESG (Social), mostrando que essas práticas podem e devem ser incorporadas de forma autêntica à gestão empresarial.

Reflexões sobre ESG e Compliance Trabalhista

Essa abordagem da Suzano nos leva a refletir sobre a importância do compliance trabalhista e sua relação com o ESG. O cumprimento das normas trabalhistas não se limita a evitar penalidades, mas fortalece a confiança tanto interna quanto externa, agregando valor à reputação da empresa e criando um ambiente de trabalho mais justo e produtivo. Micro e pequenas empresas também podem aproveitar o compliance como um diferencial competitivo, pois práticas éticas são cada vez mais exigidas e valorizadas por consumidores, investidores e a sociedade em geral.

Contudo, para que o ESG tenha um impacto real, é essencial que ele vá além da teoria e seja genuinamente incorporado à cultura empresarial. Isso exige investimentos, como o treinamento de gestores e equipes, para garantir que os valores sociais sejam aplicados no cotidiano. Práticas de fachada ou ESG superficial não são mais toleradas pela sociedade, que busca transparência e integridade. Quando o ESG é bem implementado, os ganhos são certos, porque a essência dessa estratégia está nas pessoas.

Investimento e Responsabilidade Privada

Embora possa haver ceticismo em relação ao investimento necessário, especialmente em um país com altos índices de corrupção e impunidade, é essencial que as empresas assumam a responsabilidade por seus próprios espaços privados. O cuidado com esses espaços começa com a adoção de práticas de ESG, que, quando levadas a sério, criam um ambiente ético e sustentável. Essa responsabilidade vai além do lucro imediato e visa criar uma cultura organizacional que impacta não apenas o trabalho, mas toda a sociedade ao redor.

ESG como Transformação Social

A implementação genuína do ESG, feita sem alarde e com o tempo necessário para consolidar práticas éticas, vai muito além dos resultados empresariais. Ela reflete diretamente na vida pessoal dos colaboradores, nas famílias e, principalmente, nas crianças. Quando esses valores são incorporados à cultura da empresa, as futuras gerações crescem com uma visão de mundo que valoriza a harmonia entre seres humanos e o meio ambiente. O ESG genuíno transforma não apenas as empresas, mas todas as cadeias de relação que envolvem seus stakeholders, promovendo um futuro onde a integração com o ecossistema e a comunidade é a base.


Nota. Essa visão robusta da Suzano sobre o ESG, exemplificada em sua atuação social e no compromisso com os direitos humanos, oferece um caminho para que empresas de todos os portes se engajem em práticas que transcendam o lucro e que contribuam para um mundo mais justo e sustentável.

A Suzano, como uma das maiores empresas do setor de papel e celulose, tem adotado uma mega atitude ao reavaliar seu papel no ESG, especialmente no pilar social. Embora não tenhamos clareza absoluta sobre o impacto de suas práticas no ecossistema e se elas realmente são as melhores, o que se identifica é um esforço significativo em liderar pelo exemplo. Iniciativas como a da Suzano são o que se espera de grandes corporações, pois elas têm o potencial de abrir caminho para que empresas menores sigam na mesma direção.

Essa postura serve de modelo e reflete a responsabilidade das grandes companhias em traçar um caminho de transformação social e sustentabilidade, criando oportunidades para outros negócios, independentemente de seu porte, adotar práticas que integram o ESG de forma autêntica.


Paula Caubianco, advogada especializada nas áreas cível, trabalhista e ambiental. Apaixonada por sustentabilidade e pelo impacto do ESG nas relações de trabalho, compartilha neste blog conteúdos que vão além do jurídico, abordando também o futuro do trabalho. Busca sempre clareza, coerência e embasamento sólido em suas análises, contribuindo para debates sobre práticas mais justas e sustentáveis no mundo corporativo.

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